sábado, 18 de junho de 2011

Por onde anda Loro Jones??

Loro Jones fala sobre sua nova banda, seu novo disco e o selo que vai fundar em Brasília

“Você não tem família, pula de hotel em hotel. A vida não se resume a uma conta bancária.” O momento, para ele, é de recomeço. Loro não quer tocar pelo dinheiro, em nome do sucesso. “Quero brincar. O rock, se fica sério, vira escravidão.”
No dia internacional do rock, Loro Jones deixa para trás os escândalos de Brasília. Ex-guitarrista do Capital Inicial, ele se apresenta, a partir das 22 horas, no Imagine Rock´n Lan, com Língua Solta e Sobrinhos do Capitão.

Loro traz a Banda do Além, formada por Rodrigo (vocal), Luiz (baixo) e seu filho Rafael (bateria). O estilo só pode ser o rock’n’roll. “Não sei fazer outra coisa”, diz. “Vou mostrar músicas novas e algumas do Capital, que também são minhas.”

As músicas novas fazem parte do CD que Loro e a Banda do Além gravaram no estúdio que ele montou no Distrito Federal. “O disco está pronto. Faltam detalhes, como a capa”, assegura. Ainda sem nome, o lançamento virá somente com faixas em português.

Loro é um defensor do rock brasileiro no que diz respeito ao idioma. “Tem bandas que cantam num inglês cósmico, que ninguém entende”, critica. “Eu não gosto de covers. Acho que cada banda tem que mostrar seu trabalho, não o trabalho dos outros. Senão, fica falso.”

A crítica ganha respaldo na edição mais recente do Porão do Rock, que aconteceu no fim de semana em Brasília. Segundo Loro, além de falhas na organização, o festival deixou de alavancar bandas novas. “Fui ver Dr. Sin e Pitty, mas, no geral, ficou tudo na panelinha.”

Rouco, por causa do frio que chegou mais cedo no Planalto Central, ele fala com dificuldade sobre a intenção de transformar o estúdio num selo. “Eu quero trabalhar com a molecada, mas não tenho preconceito com nenhum estilo.” Afirma que as portas estão abertas para grupos de samba e pagode e bandas gospel, entre outras.

“Sempre tem alguma coisa boa em todas as áreas. Sempre se pode aprender alguma coisa boa com músicos de todas as áreas.” Loro prova que não é intransigente. Mas sua proposta é dar especial atenção para os novos talentos do rock e do pop.

Porque, na cabeça dele, as cópias são produzidas em série no rock nacional. “Tem muita bobeira na mídia e muita gente interessante sem espaço”, alerta. Loro acredita que o mercado deveria acolher a figura do caça-talentos. Como o olheiro no futebol.Função que ele pretende exercer quando fundar o selo.

O estúdio foi montado logo depois que Loro saiu do Capital Inicial. Atitude pouco compreendida. No ano 2000, a banda escalava, mais uma vez, os degraus do sucesso, com o disco Acústico MTV.

A pergunta não quer calar e Loro explica seus motivos. “Acabou o tesão”, resume. “Encheu o saco.” Ele afirma que continua amigo da turma do Capital. “Toquei com eles há pouco tempo.” Mas ataca a estrutura gigante que envolve os ex-companheiros.

“A gravadora faz cobranças e o empresário quer te pôr na estrada. Estou com 44 anos, tenho 25 de carreira, passei da idade de virar fantoche”, desfere. A falta de tempo para ficar com o filho teve peso definitivo.

“Você não tem família, pula de hotel em hotel. A vida não se resume a uma conta bancária.” O momento, para ele, é de recomeço. Loro não quer tocar pelo dinheiro, em nome do sucesso. “Quero brincar. O rock, se fica sério, vira escravidão.”